quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Vista para o morro

 Vista da Baía de Guanabara

Visão do Morro da Providência e seus bairros vizinhos: Gambôa, Santo Cristo, Saúde e outros.

HISTÓRICO E ATUALIDADE


HISTÓRICO

Considerada oficialmente a primeira favela do Rio de Janeiro, o Morro da Providência, que fica atrás da Central do Brasil, foi batizado no final do século 19 como Morro da Favela, daí também a origem do nome (substantivo) que se espalhou depois por outras comunidades carentes do Rio de Janeiro e do Brasil. Os primeiros moradores do Morro da Favela eram ex-combatentes da Guerra de Canudos e se fixaram no local por volta de 1897. Cerca de 10 mil soldados foram para o Rio com a promessa do Governo de ganhar casas na então capital federal. Como os entraves políticos e burocráticos atrasaram a construção dos alojamentos, os ex-combatentes passaram a ocupar provisoriamente as encostas do morro - e por lá acabaram ficando.
             Tanto a origem do nome Favela quanto Providência remete à Guerra de Canudos, travada entre tropas republicanas e seguidores de Antônio Conselheiro no sertão baiano. Favela era o nome de um morro que ficava nas proximidades de Canudos e serviu de base e acampamento para os soldados republicanos. Faveleiro é também o nome de um arbusto típico do sertão nordestino. O então jornalista e escritor Euclides da Cunha descreveu assim o morro da Favela no seu livro Os Sertões, sobre a Guerra de Canudos:
           "O monte da Favela, ao sul, empolava-se mais alto, tendo no sopé, fronteiro à praça, alguns pés de quixabeiras, agrupados em horto selvagem. À meia encosta via-se solitária, em ruínas, a antiga casa da fazenda (...). O arraial, adiante e embaixo, erigia-se no mesmo solo perturbado. Mas vistos daquele ponto, de permeio a distância suavizando-lhes as encostas e aplainando-os... davam-lhe a ilusão de uma planície ondulante e grande".
            Quando os soldados desembarcaram no Rio após a sangrenta e vitoriosa campanha contra os seguidores de Antônio Conselheiro, o Morro da Favela era tomado por uma vegetação rasteira. Segundo relatos, entre os arbustos da região eles poderiam ter encontrado o mesmo faveleiro típico do sertão, daí a inspiração do nome. A pesquisadora Sônia Zylberberg, autora do livro Morro da Providência: Memórias da Favella, no entanto, não acredita nessa hipótese. Segunda ela, o solo do morro carioca é bastante diferente do encontrado no sertão baiano.
A antropóloga Alba Zaluar lembra que na virada do século já existiam barracos parecidos com os da Favela em outros morros do Rio de Janeiro. Organizadora do livro Um século de favela, junto com o historiador Marcos Alvito, ela explica o porquê do termo ter virado sinônimo de comunidade carente. "As pessoas olhavam, viam as casas de zinco parecidas com as do morro do Centro e também chamavam de favela. Resultado: favela virou substantivo", diz.
O nome Favela continua a ser usado até hoje por moradores antigos. A primeira associação de moradores da comunidade, por exemplo, fundada nos anos 60, ainda adota em seus estatutos o nome oficial de Associação Pró-Melhoramento do Morro da Favela.

Já o nome Providência, que passou a ser usado a partir dos anos 20 e 30, seria uma referência a um rio nas proximidades de Canudos.
O rio também foi citado por Euclides da Cunha em Os Sertões:

 “Ali vão ter quebradas de bordas a pique, abertas pelas erosões intensas por onde, no inverno, rolam acachoando afluentes efêmeros tendo os nomes falsos de rios: o Mucuim, o Umburanas, e outro, que sucessos ulteriores denominariam da Providência".

              O fato de ter sido a primeira pela localização, era sim a comunidade mais visível. Nessa mesma época, final do século 19 já existia núcleos de mesmas características em outras partes da cidade, como no Morro do Castelo e no Morro de Santo Antônio, ambos no Centro.

ATUALIDADE

Hoje conta com uma comunidade nordestina crescente, mas que não chega a superar a comunidade afro-carioca local de origem negro ide congo-bantu (muitos desses descendentes de afro-mineiros migrantes de décadas passadas).
O morro também abriga a comunidade da escola de samba Visinha Faladeira, campeã do carnaval de 1937.
Atualmente a Providência vem sendo ocupada por policiais do BOPE, que instalam uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), seguindo o exemplo de outras favelas do Rio de Janeiro que se encontram pacificadas de acordo com os planos governamentais de se criar um cinturão de segurança para a realização da Copa do Mundo e Olimpíadas na cidade.